2007-07-13

8° Andar

Ela olhava pela janela de seu apartamento no 8° andar, procurando por algo que lhe faltava e que nem ela mesmo sabia definir o que era.
Talvez faltava-lhe vida, emoções, explosões...
Talvez faltava-lhe muito mais do que sempre recebeu...
Ele entrou sem anunciar como sempre, tinha livre acesso àquele lugar. Ela ouviu o ranger da porta abrindo mas não se moveu, sabia de cor o som daqueles passos.
Ele excitou-se ao vê-la de costa sobre o vestido preto justo que definia formas perfeitas, aproximou-se e afastou com as mãos seus longos e perfumados cabelos negros, beijou-lhe os ombros e mordiscou-lhe a nuca...ela sentiu a pele arrepiar-se , porém continuou paralisada.
Ele alisava cada parte de seu corpo e sua respiração ofegante denunciava todo seu desejo.
Ela não se conteve e agarrou-lhe pelos cabelos sufocando-o com um beijo...um beijo longo de sofreguidão, um beijo que externizava toda mágoa, toda dor, toda falta de afeto e de compreensão guardado em seu coração ferido por todos aqueles longos anos.
Ela o beijava e odiava-se internamente por ainda desejá-lo daquela maneira.
Entregou-se a ele sobre o tapete da sala no meio de salivas e lágrima, de desejo e dor, no entanto, dessa vez a entrega foi diferente. Ela havia lhe entregado não só o corpo, mas também a alma tão triste e suja que carregava consigo.
Naquele dia ela o amou com raiva, olhando-o nos olhos, cravando a unha sem piedade sobre sua carne, mordendo-lhe o peito até que sentisse nos lábios o gosto do sangue quente...ela lhe deu ordens que a satisfizesse até o fim, e o odiava mais do que nunca naquele momento.
Por fim, a mistura de ódio e prazer jamais sentido naquela intensidade, explodiu num orgasmo longo, quente, único e libertador...
Ela não se preocupou com o prazer dele naquele dia, mas ele parecia muito satisfeito apenas de observá-la. Ela levantou-se, abriu a porta e silenciosamente porém sem tirar os olhos dos dele a apontou... Ele ficou meio incrédulo por alguns instantes, mas aquele brilho estranho no olhar dela o fez entender que não havia espaços para argumentações
Então ela caminhou nua até a janela, e voltou a olhar para o movimento da rua, quando seus lábios involuntariamente sorriram ao perceberam que a alma aflita havia abandonado seu corpo. Enfim estava livre...
Ela poderia agora, voltar a viver novamente.

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