O que ele não sabe

Eu já fiz muito joguinho de amor. Daqueles que as mulheres tão bem conhecem, como por exemplo: atender o telefone qdo a ligação já estava quase caindo, pro cara não desconfiar que eu estava há horas olhando pro celular e rezando o 10º Pai Nosso pedindo pra ele tocar, estar perdidamente apaixonada e fazer a maior pose de durona, enganar a mim mesma que eu poderia ser uma mulher-liberal-e-moderna-que-separa-sexo-de-amor quando no fundo tudo que eu desejava era a junção dos dois, demonstrar que eu curtia ficar naquela de “amizade colorida” mas interiormente desejar que aquilo se transformasse num lance mais sério, entre tantos outros.
Minha mãe, e também conselheira amorosa, sempre me disse:_ “Homem vc não pode abrir muito a guarda que eles montam”...e com raras exceções, descobri que ela estava certíssima.
Claro que há de se levar em consideração o grau de estabilidade e maturidade de um relacionamento...Obviamente que eu não preciso mais fazer esses joguinhos com o meu marido, seria até ridículo, tanto pq um dos motivos que eu me casei com ele foi justamente ter encontrado alguém que eu pudesse ser “eu”, dizer o que pensava, declarar o que sentia, enfim me despir de máscaras e ser amada mesmo assim.
Mas de qualquer forma a lição da minha mãe permaneceu incrustada dentro de mim, e mesmo que com ele eu tenha aberto a guarda isso não quer dizer que eu a escancarei de vez.
O que ele não sabe é que eu sinto um amor muito maior que aquele que eu declaro e que ele imagina.
O que ele não sabe é que eu tento me lembrar como era a vida antes de tê-lo ao meu lado e tudo que me vem à mente são imagens embaçadas e sem sentido.
O que ele não sabe é que quando ele viajou, eu e Brigite, nossa gatinha, ficamos amuadas e tristonhas, desejando secretamente que ele entrasse por aquela porta a qualquer momento e enchesse novamente a casa com a sua alegria peculiar.
O que ele não sabe é que eu rezo todos os dias para que Deus afaste do nosso caminho qualquer coisa que possa nos separar um dia.
O que ele não sabe é que toda vez que eu vejo os olhinhos dele brilhando enquanto segura nossa afilhadinha no colo, eu imagino ele segurando a Leticia e o Matheus (os filhos que ainda vamos ter) e isso me faz sorrir por dentro.
O que ele não sabe é que eu me sinto a mulher mais sortuda e abençoada do mundo, por ele ser tão presente, tão preocupado com meu bem-estar, tão amigo, tão companheiro, tão especial e único, e o melhor de tudo: por ele ser meu.